quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cape Epic 2011 - Depoimento Robson Ferreira

Cape Epic 2011 - Sonho ou utopia?
Por Robson Ferreira


Robson Ferreira - Foto: Silvinho Amorin

Realização de um sonho e frustrações na minha primeira participação na prova mais divulgada e dura do mundo.

O convite para a formação da dupla me pegou um pouco de surpresa, no fim da temporada de 2010, entrei nas férias já sabendo que iria começar os treinos voltados para o Cape Epic.

Foi o começo da realização de um sonho e começamos o ano de 2011 muito esperançosos por um resultado muito bom da dupla Hugo Prado Neto e Robson Ferreira.

Mas o começo do ano e consequentemente da temporada não foi muito boa com relação a renovação dos patrocinios, alguns se retirando, outros renovando e outros com dificuldades mas gostariam de continuar.

Então durante 03 meses ficamos na luta de treinos e batalha para concretização de toda a estrutura da equipe Amazonas Bike.

Com isso me tomou muito tempo de treino e descanso, nos quais são valiosos para um bom rendimento, mas passei por cima de tudo isso e me mantive firme até nosso objetivo.

Às vesperas da viagem na espera da bicicleta nova, tivemos um contratempo em relação a conclusão do contrato em relação ao equipamento. Acabou que embarquei para Africa sem minha bike 2011 e isso me abalou um pouco. Mas uma vez passamos por cima disso tudo, fizemos uma revisão total na bike como sempre partindo da loja Amazonas Bike.

Viajamos rumo ao destino e a prova, Africa do Sul, cidade de Cape Town. Fizemos todos os ajustes no equipamento e alguns treinos leves para o preparativo da prova.

Um dia antes da largada do prologo já estava me sentindo mal e muito nervoso por estar começando uma das provas mais duras do mundo debilitado com uma intoxicação alimentar e resultando em uma infecção intestinal.

Bom, partimos para nosso objetivo e em mente tentar recuperar sem ter que abandonar.

Prólogo - 27km

Largamos forte, no começo me senti bem, mas após uns 15 minutos começou todo o drama, não tinha forças para continuar no ritmo forte que estavamos. Com isso não demorou para as duplas detrás começarem a encostar e passar. Isso foi ruim demais, mas o objetivo era terminar para largarmos entre as 50 melhores duplas e evitar largar muito atrás, mas não era só meu estômago que estava falhando, após uma sessão de descidas técinicas o power link da corrente do Hugo se solta e tivemos que fazer os últimos 3km no embalo e empurrando.

Bom, terminamos a etapa e o objetivo era se cuidar para que melhorasse o quanto antes, pois no dia seguinte 89km nos esperavam.

Chegando no próximo acampamento fui medicado e fiquei no soro para hidratação.

Primeira etapa - 89km

No dia seguinte parecia que eu estava recuperado e às 07:00 foi dada a largada, conseguimos andar no primeiro pelotão por uns 30min. até o drama começar novamente.

Após uma sessão de subidas fortes comecei a me sentir mal novamente e fui seguindo o Hugo na medida do possível, acabou que em um lugar onde não havia risco algum e tomei um tombo onde necessitei de pontos sobre o supercilio.

Mas terminamos a etapa e tentei novamente me recuperar com soro e medicamento para que pelo menos a comida parasse no estomago.

No dia seguinte após uma noite mal dormida por causa do mal estar decidi não largar, pois estava pior que no dia anterior.

Meu parceiro deve ter tomado um banho de água fria às 06:00 da manhã, mas admirei sua atitude perante minha desistência e com isso foi o fim do sonho de um grande resultado.

O Hugo partiu sozinho, mas menos de 20min. retorna ele com o pé-de-vela quebrado, na hora emprestei o meu pra ele e após 1hora que todos haviam largado ele foi na busca de ser finisher.

Fiquei sendo um expectador na maior prova de MTB do mundo, vcs não imaginam o que passou na minha cabeça passando por tudo aquilo em um País estranho, sem meus familiares por perto para me apoiarem.

E, foi nesse momento que conheci melhor as pessoas que estavam por ali, pessoas que se preocuparam comigo e tentaram ajudar. Fiz amigos ali na Africa que estiveram sempre bem perto no Brasil.

No final da prova, eu já estava parcialmente recuperado e com aquela sensação de desistência que é a pior para um atleta profissional, onde várias empresas e pessoas acreditaram em vc e investiram para que você estivesse ali para fazer seu melhor.

A prova acabou e minha presença ali parecia muito estranha, pois todos estavam comemorando uma vitória de completar, de superação e algo a mais. Eu havia desistido logo no começo e isso me corroeu por dentro de uma forma muito intensa.

Bola pra frente, foi isso que tentei botar em mente, mas não foi eu o único a ser prejudicado, havia meu parceiro. Onde consegui perceber uma pessoa companheira e disposta a apostar novamente na nossa ambição de sermos a melhor dupla brasileira em uma prova nesse estilo, só que agora no Brasil Ride.

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