sexta-feira, 12 de março de 2010

Entrevista: Robson Ferreira

O ciclista carioca Robson Ferreira (Amazonas Bike/Kona/Proshock/Eninco/ASW) mostrou novamente que continua sendo uma das grandes forças do MTB nacional ao conquistar em 2009 dois importantes títulos: bicampeão Brasileiro de Mountain Bike Maratona (XCM) e bicampeão do Iron Biker.

Estes títulos comprovam o talento deste tranquilo cidadão de Mendes, interior do RJ, querido por todos que acompanham o esporte. Sua dedidação e boa índole disputam espaço com seu largo e sempre presente sorriso. Porém, sua combatividade nas pistas deixa o sorriso de lado para dar lugar à uma expressão de máxima concentração, força e resistência!


Conheça um pouco mais deste grande herói do nosso esporte nesta entrevista exclusiva, concedida ao BikeBros.

BIKEBROS: Robson, antes de mais nada, parabéns pelos seus feitos. Sabemos como é difícil viver do esporte no Brasil, e você é um exemplo de sucesso que nos enche de orgulho. Conte-nos sobre seu inicio no MTB. Qual foi sua primeira bike, com que idade começou, quem eram seus ídolos...

ROBSON FERREIRA: Bom, desde os 3 anos de idade que ando de bike e nunca lembro uma fase da minha vida que a bike não estivesse presente. Aos 3 anos eu tinha uma MONARK aro 16, aos 14 anos eu ganhei minha primeira MTB, uma CALOI ATN, mas antes disso minhas bikes já eram transformadas para MTB com guidom reto e marchas, que vivia quebrando....tudo adaptado mas sempre no estilo MTB. Comecei a treinar com 15 anos e meu ídolo era John Tomac no início... agora meus ídolos são os atletas que trabalham, treinam e competem (esses são os verdadeiros campeões).

BB: Qual foi sua primeira competição?

RF: Minha primeira competição foi uma prova local em uma exposição na cidade vizinha, Vassouras/RJ.

BB: Onde e como foi seu primeiro pódio? O que sentiu?

RF: Meu primeiro pódio foi nesta primeira competição. Ganhei a prova na minha categoria e o que senti foi indiscritivel, mas que me deu vontade de continuar sentindo, é indiscritivel a sensação!

BB: A Amazonas Bike Team sempre foi um celeiro de grandes nomes do MTB. Como foi sua entrada na equipe? Já havia participado de alguma equipe antes?

RF: Já participava de competições no RJ e sempre foi um de meus sonhos entrar para a equipe, mas foi no momento certo que consegui um lugar no Time. Antes da Amazonas eu passei pela Scott por 2 anos, saí da Scott e entrei na Amazonas.

BB: Sabemos que a disputa nas pistas é grande, e você já teve outros grandes nomes como companheiros de equipe (Albert Morgen, Rubens Donizete, Gilberto Góes, Henrique Avancini, etc). Como era a convivência com estes caras? Como era a rivalidade nas pistas?

RF: Bom, cada um teve uma particulariedade. O Albert, nós éramos adversários nas pistas desde a época de Júnior, temos a mesma faixa etária, então a rivalidade era grande, mas fora das pistas sempre fomos muito amigos e já aprontamos umas boas nessas viagens. Uma época boa! Já com o Rubinho foi bem legal o tempo que fomos parceiros, teve uma época em que os adversários temiam nossa presença nas provas, pois tanto eu quanto o ele nos sacrificávamos pela vitória da equipe (era bem legal, nunca planejamos nada antes, mas durante a prova nos entendíamos muito bem), agora somos rivais nas pistas e gosto muito de disputar com ele, é um atleta limpo de boas índoles. O Góes é um amigão, apesar da distância em que moramos. Ele já passou vários dias aqui em casa e eu também lá em São Bento do Sul. Gosto muito da pessoa dele, o admiro muito pelo seu jeito de ser e como piloto, pois quando ele está bem faz aquelas corridas fantásticas onde todo mundo fica de queixo caído! O Henrique sempre foi mais novo de todos, então sempre foi bem abusado nas pistas, nunca respeitou ninguém...(risos) “no bom sentindo”, batia guidom mesmo, mas isso acaba sendo uma qualidade. Ele sempre lutou para fazer os mesmos tempos da elite, mesmo correndo em categorias abaixo, acho que isso fará a diferença em próximos anos correndo lá fora. Lembre sempre disso, Henrique, nunca tema a ninguém, faça seu melhor!

BB: Seu relacionamento com eles mudou depois que trocaram de equipes?

RF: Mudou nas pistas, pois agora tenho que ganhar deles, mas fora dela somos todos amigos!

BB: Você se dedica 100% ao ciclismo ou tem alguma outra atividade?

RF: Me dedico 100% ao ciclismo e quando dá até mais um pouco. (risos)

BB: E sua rotina de treino, como funciona? Como consegue conciliar sua vida privada com as exigências do esporte?

RF: Tento conciliar ao máximo a vida fora do esporte com a dos treinos, mas os treinos sempre em primeiro lugar.

BB: Hoje, seu pedal é 100% MTB. Seu foco é a Maratona (XCM), que exige grande resistencia e passo forte. Você cogita alguma participação futura em provas de outras categorias, como o speed?

RF: Sim, em um futuro próximo quem sabe, nada certo, pois o MTB é um esporte individual e só depende de você. Já o ciclismo não, acaba sendo coletivo e eu não me adaptei muito bem a isso, mas adoro provas de montanha, resistência e contrarrelogio. Quem sabe será uma nova meta, depois é claro das alcançadas no MTB.

BB: Quem é seu técnico? Como é feito o acompanhamento dos seus trabalhos de treino?

RF: Meu técnico é o Carlos Eduardo Fonseca, o “CACO” . Ele reside em São Paulo e me acompanha há 5 anos. Vamos para o 6º ano, ele me avalia com testes de inicio de temporada, avaliamos as datas e montamos um cronograma de provas alvo e etc, daí ele faz toda a programação e me passa treinos semanais.

BB: Sempre vemos a sua mãe te acompanhando nas provas, mostrando que é uma grande apoiadora. Qual foi a influencia dela para a sua entrada no ciclismo?

RF: Ela sempre me deu e sempre me dá toda a força para fazer bem feito o que quero, ajuda na alimentação, faz o que pode para me poupar, como serviços bancários e etc. Ela vive o esporte junto comigo.

BB: Mendes parece ser um paraíso para o MTB. Como é o esporte na cidade? Há muita gente pedalando por lá?

RF: Quando comecei havia muita gente, depois ficou só eu, agora muitos estão voltando e novos talentos estão aparecendo, como o jovem Juan que já está despontando nas provas locais. Daqui a uns anos vocês vão ver o nome dele por aí. A cidade é muito tranqüila, muito verde, muita trilha e estradas de tudo é quanto é tipo, o que facilita para os treinamentos.

BB: Como você vê o desenvolvimento do esporte hoje no Rio de Janeiro?

RF: O esporte do Rio estava estacionado, agora com a nova direção da Federação já posso dizer que engatou a quarta marcha, e daqui uns anos vamos virar potência novamente tanto no MTB quanto nas outras modalidades, com provas estaduais, nacionais e internacionais, todas bem organizadas e divulgadas.

BB: O que acha que precisa mudar para que ocorra um crescimento ainda maior?

RF: Uma participação maior da televisão cobrindo o esporte, isso dará um upgrade muito grande.

BB: Recentemente, passei algum tempo junto a vocês, da equipe, em visita ao Salão Duas Rodas. Pudemos conviver e conversar como "pessoas normais", longe da agitação das competições, e pude perceber que essa vida é dura, pois não há staff para realizar tarefas simples, como conduzir o carro ou reservar hotéis. Tudo deve ser feito por vocês. Na sua opinião, isso atrapalha o desenvolvimento nas provas ou contribui para uma melhor integração entre a equipe? Qual é o segredo do sucesso da Amazonas Bike Team?

RF: Bom, temos que revezar na direção do carro, isso atrapalha bastante, mas o pessoal tenta me poupar o máximo. A integração da equipe é boa, pois somos todos amigos, cada um tem sua particulariedade, e cada um é uma peça fundamental para que tudo corra bem e dê tudo certo.

BB: Hoje, você é bi-Campeão Brasileiro de XCM e de quebra, ainda conquistou o bi do Iron Biker. Como se sente?

RF: Foi maravilhoso ganhar esses títulos, mas é uma responsabilidade muito grande, e quando você consegue já pensa em conseguir outra vez e daí por diante e começa tudo novamente (risos).

BB: Todos sabemos da sua dedicação, compromisso e resultados. Com isso, você acabou se tornando um ídolo para muitas crianças, jovens e atletas. Qual recado você passa para eles?

RF: Tudo na vida exige muita dedicação, tanto nos estudos, no trabalho, na vida familiar e etc, então faça tudo com muito amor e sempre agindo com respeito ao próximo.

BB: O BikeBros tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento do ciclismo, em todas as modalidades. Como atleta, qual a sua sugestão para que possamos melhorar cada vez mais?

RF: Eu admiro muito o trabalho do BikeBros. Seriedade, paixão pelo esporte é o que traduz, continuem assim que iremos longe, essa paixão pelo ciclismo é o fundamental, nunca percam isso.


* * *

Nota da redação: Um dos requisitos necessários para o crescimento do esporte junto ao público é o surgimento de heróis através do reconhecimento. Isto só chega quando o trabalho é executado com carinho e muita ralação. O Robson está neste caminho, como podemos ver pelos seus resultados e o assédio das pessoas nas corridas, e ficamos muito felizes ao ver isto acontecendo. Robson, o BikeBros agradece pela a sua atenção e cordialidade! Desejamos todo sucesso e afirmamos que vibraremos com as suas futuras vitórias como se fossem as primeiras!

Canal Entrevistas / Postado em 22/10/2009 às 10:00 por Hudson Malta / Redação BikeBros.com.br

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